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Ciências Biofarmacêuticas, Biomed Biopharm Res., 2022; 19(2):361-378

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Avaliação dos efeitos protetor e hidratante de formulações cosméticas para a pele contendo extratos com propriedades filmógenas

Bruna Penachin, Letícia Kakuda, Patrícia Maria Berardo Gonçalves Maia Campos*

School of Pharmaceutical Sciences of Ribeirão Preto – University of São Paulo, Avenida do Café, S/N, Ribeirão Preto - SP, 14040-903, Brasil

autor para correspondência: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

Resumo

O desenvolvimento de formulações que confiram efeitos filmógenos eficientes são importantes, uma vez que a formação desse filme é capaz de proteger a pele e os cabelos da ação de agentes agressores externos, como a poluição. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito filmógeno de formulações cosméticas para os cuidados da pele contendo os extratos de Kappaphycus alvarezii e Caesalpinia spinosa, bem como o uso do hemiesqualano como alternativa aos silicones sintéticos. A avaliação da eficácia clínica foi realizada por meio de técnicas de biofísica e análise de imagem da pele e análise sensorial. Participaram do estudo 16 mulheres, idade 18 a 30 anos. Os resultados obtidos mostraram que a presença dos extratos na formulação proporcionou a formação de um filme que auxiliou na manutenção da integridade da barreira cutânea, reduziu a descamação e melhorou parâmetros relacionados à hidratação. Por fim, o estudo também demonstrou que não houveram diferenças significativas entre as formulações contendo os silicones e o hemiesqualano, o que possibilita o uso do hemiesqualano como uma alternativa mais sustentável nas formulações cosméticas.

 

Palavras-chave: biopolímeros, efeito filmógeno, hemiesqualano, eficácia clínica, cosméticos

Recebido: 12/10/2022; Aceite: 1/12/2022

 

Introdução

A indústria cosmética, há mais de um século, é responsável por desenvolver produtos que possuem um significado importante para a sociedade de consumo, uma vez que estes estão relacionados à forma de expressão dos indivíduos (1). Ainda em tempos de crise, este setor não demonstra sofrer grandes abalos e continua em constante busca por projetos inovadores (1).

Durante o contexto pandêmico foram observadas mudanças em relação ao perfil de consumo dos indivíduos, aumentando a procura por produtos cosméticos que tenham como principal apelo o cuidado e a saúde da pele (2). Assim, dentre as propostas de formulações inovadoras temos as que conferem efeito filmógeno à pele ou aos fios de cabelo, protegendo-os da ação de agentes agressores externos, como, por exemplo, a poluição atmosférica (3,4).

Com isso, formulações que conferem efeito filmógeno à pele são interessantes do ponto de vista de inovação e pelo potencial benefício que podem proporcionar para a pele (5). Estes produtos atuam tanto pela formação de um filme polimérico, sintético ou natural, na superfície da pele quanto pela utilização de um filme líquido residual resultando em uma película fina e transparente no local (4,6).

A busca por matérias-primas, por sua vez, é uma etapa crucial do processo de pesquisa e desenvolvimento de cosméticos, visto que a indústria cosmética segue as demandas de mercado. Outro ponto que cativa a atenção de consumidores a nível mundial, é a busca por formulações inovadoras que se preocupem com aspectos relacionados à sustentabilidade do produto (7).

Assim, alguns ingredientes naturais podem ser aplicados com a finalidade de conferir efeito filmógeno à formulação. O extrato da alga vermelha (Kappaphycus alvarezii) pode ser combinado com o extrato de Tara, proveniente do fruto da Caesalpinia spinosa, através de um processo de hidrólise controlada que irá resultar em um biopolímero natural que apresenta potencial formação de um filme não oclusivo, flexível e resistente sobre a pele (4). Essa associação é rica em polissacarídeos e, devido à característica do polímero, apresentam expressivo potencial para a promoção de efeito filmógeno com aplicabilidade clínica de reduzir a interação pele-poluente (4).

Os silicones sintéticos, são amplamente utilizados pela indústria cosmética devido a sua versatilidade quanto às suas possíveis aplicações. Estes, mesmo em pequenas concentrações, são utilizados como agentes emolientes conferindo características sensoriais importantes (como a melhora da espalhabilidade da formulação e toque seco) e também são usados para facilitar a incorporação de certas substâncias (como exemplo, filtros solares químicos e físicos) nas preparações cosméticas (8,9). Entretanto, ainda que proporcionem características sensoriais agradáveis às formulações, os silicones permanecem por muitos anos no meio ambiente, podendo causar danos ao meio aquático e também à saúde humana (7,9,10).

Em consequência destas preocupações, alternativas contendo substâncias naturais e biodegradáveis que possam substituir as funções dos silicones sintéticos são cada vez mais importantes na área da cosmetologia (10). Desta forma, além dos polissacarídeos, outro insumo natural que desperta interesse é o C13-15 alcano (hemiesqualano), um hidrocarboneto saturado derivado da cana-de-açúcar. Por ser obtido de uma fonte renovável e biodegradável, o C13-15 alcano pode funcionar como uma alternativa natural ao uso dos silicones sintéticos, agindo como um emoliente leve, inovador e multifuncional, que confere inúmeras vantagens, sendo as principais relacionadas com a melhora da espalhabilidade, textura e das propriedades sensoriais das formulações (9,10).

Para avaliar o efeito filmógeno dessas formulações, o uso de técnicas de biofísica são de grande relevância clínica pois permitem a avaliação da pele de forma não invasiva e em tempo real (4). Esses equipamentos permite a avaliação da integridade do estrato córneo, função barreira da pele e microrrelevo, por exemplo, as quais são danificadas na exposição à poluição, uma vez que uma pele com alterações cutâneas apresenta elevada perda transepidérmica de água e menores valores de hidratação (4,11,12).

Por fim, a avaliação clínica do efeito imediato de cosméticos permite avaliar a ação desses produtos na pele logo após sua aplicação, como, por exemplo, a atuação na melhora da função barreira ou na formação de filme sobre a pele, que são características propostas pelo biopolímero composto pelo extrato de alga vermelha e tara.

Em consideração a todos os aspectos mencionados anteriormente, o objetivo do presente estudo foi avaliar, por meio de técnicas de biofísica e análise de imagem da pele e análise sensorial, o efeito filmógeno de formulações cosméticas para os cuidados da pele contendo os extratos de Tara (Caesalpinia spinosa) e alga vermelha (Kappaphycus alvarezii), avaliando, bem como o uso do hemiesqualano como alternativa aos silicones sintéticos.

Material e métodos

Desenvolvimento das formulações

As formulações foram desenvolvidas levando em consideração as especificações da substância ativa objeto de estudo, as características sensoriais e a interação com as matérias-primas empregadas como veículo nas formulações cosméticas. Como apresentada na Tabela 1, foi elaborada uma formulação cosmética gel-creme nomeada de P2, à base de emulsificante, polímero, emolientes, umectantes, conservantes, contendo, ou não (veículo), os extratos de Tara (Caesalpinia spinosa) e alga vermelha (Kappaphycus alvarezii).

Os extratos utilizados são obtidos comercialmente (SILAB, França) e possuem FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico), conforme listado pela empresa responsável pela comercialização destas substâncias (SILAB, França). Além disso, outro artigo do grupo de pesquisa investigou esses extratos (4). Em relação à composição da a substância ativa, esta é composta por uma mistura dos extratos de algas vermelhas e de tara (SILAB, França).

Assim, as formulações receberam as seguintes nomenclaturas, para fins de identificação: gel-creme com hemisqualano veículo (P1), gel-creme com hemisqualano e a substância ativa (P2), gel-creme com silicones veículo (PS1) e gel-creme com silicones e a substância ativa (PS2).

Estudo de estabilidade das formulações e avaliação visual

Os ensaios referentes à estabilidade das formulações seguiram as orientações descritas no Guia de Estabilidade de Produtos Cosméticos da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil.

Foram realizados testes preliminares de centrifugação e de análise das características organolépticas, diariamente durante um período de 28 dias. Para tal, as formulações foram armazenadas em recipientes plásticos e opacos, sob condições de temperatura (37°C e 45°C) e umidade (70% UR) controladas. Logo após estes testes preliminares, as formulações foram submetidas aos estudos de estabilidade acelerada por determinação da reologia, que foi realizada cada 7 dias durante o período de 28 dias (13,14).

O valor de pH das formulações foi verificado por meio de dispersão aquosa a 10% (p/p) de cada formulação em peagâmetro Digimed DM20 (15,16). O teste de centrifugação foi realizado com 3 gramas de cada formulação desenvolvida, a 3000 rpm por 30 minutos em temperatura ambiente (25 °C), em centrífuga (Excelsa® Baby II, modelo 206-R, potência 0,0440, Fanem, Guarulhos, SP, Brazil)(17).

As amostras foram observadas visualmente quanto às seguintes alterações: cor, odor, separação de fases e homogeneidade, todos os dias durante o período de 28 dias nas temperaturas ambiente (≈ 25°C), 37 ºC e 45 ºC (18).

Estudo do comportamento reológico

Para o estudo da reologia das formulações, foi utilizado o reômetro Brookfield DV3T (Brookfield, Middleboro, MA, EUA) tipo cone e placa equipado com um spindle CP-51 e acoplado ao software RHEOCALCT®. Para cada análise, 0,50 e a velocidade de rotação foi aumentada de forma progressiva de 0 a 10 rpm, com 2 segundos entre cada velocidade, resultando em uma curva composta por “taxa de cisalhamento” versus “tensão de cisalhamento”. Após, foi gerada uma outra curva, esta descendente, com a diminuição inversa da velocidade (16).

Para a caracterização do comportamento reológico, as formulações, após o preparo, foram mantidas a aproximadamente 25ºC por 24 horas e então foram avaliados os parâmetros de índice de fluxo, consistência, viscosidade aparente mínima (VMA) e tixotropia (14,16).

Análise do perfil de textura e espalhabilidade

A análise do perfil de textura e espalhabilidade foi realizada utilizando-se o equipamento texturômetro TA XT Plus® (Stable Microsystems, Surrey, Reino Unido), acoplado ao software Exponent. O método baseia-se na inserção de uma sonda analítica na amostra, com velocidade e profundidade previamente definidas. Para avaliar a espalhabilidade, foi utilizado o teste de trabalho de cisalhamento com a sonda TTC Spreadability Rig (HDP/SR) (16). Com isso, para avaliar as demais propriedades foi realizado o teste de textura onde a sonda utilizada foi a Back Extrusionrig (A/BE) (16,20). Ambas as análises foram feitas em triplicata.

A partir do gráfico resultante de força (N) por tempo (t) foram obtidos os parâmetros coesividade, consistência, firmeza, índice de viscosidade e espalhabilidade (16,20,21).

Análise Sensorial

A análise sensorial foi realizada conforme o protocolo estabelecido pelo nosso laboratório de pesquisa, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (CEP: CAAE 58730816.5.0000.5403). Para tal, foram recrutados 16 participantes, entre 18 e 30 anos, que aplicaram 42 μL das formulações em uma região de área correspondente a 4x5 cm² e delimitada no antebraço, realizando vinte movimentos circulares durante a aplicação (23). As regiões foram definidas de forma randomizada. A primeira região recebeu a formulação veículo contendo hemiesqualano, a segunda região recebeu a que continha o veículo com os silicones. A terceira região recebeu a formulação contendo hemiesqualano e os extratos. Por fim, na quarta região foi aplicada a formulação composta pelos silicones e a substância ativa.

Em seguida, as formulações foram avaliadas através de um questionário, onde cada participante avaliou, logo após a aplicação, aspectos relacionados a espalhabilidade, toque aveludado e sensação ao toque. Além disso, após 5 minutos, os participantes avaliaram quanto ao toque seco, pegajosidade, resíduo branco e hidratação. Para cada afirmação os participantes realizaram a avaliação concordando, discordando ou concordando parcialmente com as afirmativas sobre os parâmetros citados. Por fim, os participantes foram questionados quanto a preferência pela formulação.

Estudo de eficácia clínica em curto prazo

Para identificar os efeitos imediatos, como a formação de filme, os parâmetros avaliados foram o conteúdo aquoso do estrato córneo, a perda transepidérmica de água (TEWL) e o microrrelevo cutâneo utilizando os equipamentos Corneometer® CM 82, Tewameter® TM 210 e Visioscan® VC 98 (todos Courage & Khazaka, Colónia, Alemanhã respectivamente. As medidas dos parâmetros acima descritos foram realizadas antes (valores basais) e duas horas da aplicação das formulações em suas respectivas regiões.

Para a determinação do conteúdo aquoso do estrato córneo, foi utilizado o equipamento Corneometer® CM 825, que é baseado no princípio da medida da capacitância elétrica. Os resultados foram fornecidos em unidades arbitrárias (UA) onde se estima que 1 UA corresponda a 0,2 - 0,9 mg de água por grama de estrato córneo (24).

Para a determinação da perda transepidérmica de água da pele, foi utilizado o equipamento Tewameter® TM 210, acoplado a um software, cuja função é medir essa perda transepidérmica de água, baseado no princípio de difusão descrito por Adolf Fick. A sonda do aparelho permaneceu por dois minutos sobre a pele na região do antebraço que avaliamos, e o valor médio das três medidas obtidas neste intervalo de tempo foi empregado nos cálculos posteriores (4). Os valores são dados em g.m².h-1.

Para a determinação do microrrelevo cutâneo foi utilizado o equipamento Visioscan® VC 98, que fornece informações qualitativas e quantitativas da superfície da pele nas condições fisiológicas, através de técnicas de profilometria óptica, as quais utilizam um processo de digitalização de imagem obtida por uma câmera de vídeo. Dentre os parâmetros relacionados à superfície da pele (SELS - SurfaceEvaluationof Living Skin), com este método foi avaliado o Sesc, que está relacionado à descamação da pele (4,24).

Análise estatística e apresentação dos resultados

Os dados experimentais obtidos nos estudos foram submetidos à análise estatística com o auxílio dos softwares Prism8 e Origin8. Para avaliar a normalidade foi realizado o teste de de Shapiro-Wilk. A partir disso, o teste one-way ANOVA com pós teste de Tukey foi aplicado quando a curva obtida fosse normal e o teste de Kruskal–Wallis com pós teste de Dunn’s quando a curva fosse não normal. Valores de p menor ou igual a 0,05 foram considerados significativos. Por fim, o cálculo da média, desvio padrão e o coeficiente de variação foram realizados para a apresentação dos resultados, que foi feito em forma de tabela, gráficos e figuras com discussão baseada nos dados da literatura.

Resultados

Estudo de estabilidade das formulações e avaliação visual

Após o preparo, as quatro formulações apresentaram valores de pH compatíveis ao da pele (25,26,27), estando dentro de uma faixa em que o pH apresentou variações entre 4,5 e 5,5. Em seguida aos ciclos de centrifugação, não foi observado separação de fases nas formulações em estudo, onde permaneceram com aparência homogênea e, por isso, foram consideradas estáveis neste quesito. Por fim, após o período de 28 dias, não foram observadas alterações visuais, nas quatro formulações, em relação à cor, odor, separação de fases e homogeneidade, em todas as condições de armazenamento (18).

Estudo do comportamento reológico

 

As formulações, contendo a substância ativa (P2 e PS2) ou não (P1 e PS1), apresentaram um perfil não-newtoniano, pseudoplástico (com índice de fluxo menor que 1) e de comportamento tixotrópico (28,29). Em relação a área de histerese, P2 e PS2 apresentaram valores significativamente menores se comparado aos obtidos para seus respectivos veículos, P1 e PS1 (Figura 1)

Em relação às formulações contendo os extratos naturais, observa-se que para P2 e PS2 há um aumento significativo do índice de consistência e de viscosidade mínima aparente (VMA) em relação a P1 e PS1. Não houve diferença significativa no índice de fluxo entre as preparações (Figura 2).

 

Análise do perfil de textura e espalhabilidade

Nas formulações contendo a substância ativa, P2 e PS2, observa-se que tanto para o parâmetro de consistência como de firmeza, ocorre uma diminuição significativa (p<0,05) dos valores ao compararmos com os seus veículos (Figura 3). A mesma diminuição pode ser observada quando comparamos os parâmetros de coesividade e índice de viscosidade entre as preparações contendo os extratos estudados e os veículos (Figura 3). Ademais, não houve diferenças significativas (p<0,05) nos valores do trabalho de cisalhamento das formulações contendo as substâncias ativas.

Análise Sensorial

Em relação à avaliação sensorial percebida logo após a aplicação das formulações (Figura 4), P2 apresentou grande aceitabilidade quanto a espalhabilidade da formulação, assim como as demais preparações. Ainda assim, para P1 e PS1 todos os voluntários concordaram sobre a boa espalhabilidade.

Quanto ao toque aveludado/acetinado, se comparado ao resultado obtido pelas demais formulações, mais voluntários concordaram que P2 conferiu essa característica. Já em relação a suavidade conferida pelas preparações, PS2 apresentou melhor resultado.

Quanto à avaliação sensorial realizada após 5 minutos da aplicação das formulações, observa-se que para os parâmetros de hidratação e pegajosidade, P1 e P2 apresentaram resultados semelhantes entre si e melhores, se comparados às formulações PS1 e PS2 (Figura 5). Quando observa-se os dados sobre o toque seco da formulação, P2 apresenta um resultado melhor frente às demais, além de ter uma aceitabilidade ligeiramente maior que P1. Já em relação a formação de resíduo branco, para todas as formulações, os voluntários concordaram com a afirmação “a formulação não deixa resíduo branco na pele”.

Quando questionados sobre a preferência por uma das formulações, houve uma preferência de 87,5% dos participantes pelas formulações contendo a alternativa natural ao uso de silicones sintéticos, o hemiesqualano. Destes, 43,75% escolheram a formulação P2. 

Estudo de eficácia clínica em curto prazo

 

Em relação ao conteúdo aquoso do estrato córneo, todas as formulações apresentaram aumento significativo, em relação ao tempo inicial e após 2 horas (Figura 6).

Regarding the skin peeling results, the preparations containing the active substance (P2 and PS2) showed a significant (p<0.05) reduction of the parameter evaluated in relation to the baseline time when compared to the vehicle results (Figure 7).

Para os resultados obtidos em relação a perda transepidérmica de água (Figura 8), as formulações contendo os extratos (P2 e PS2) apresentaram valores significativamente (p<0,05) menores, se comparado aos valores basais.

 

Discussão

A escolha por este tipo de formulação gel-creme ocorreu com base em estudos anteriormente desenvolvidos no grupo de pesquisa do laboratório (4). Assim, a formulação foi baseada em carbômero (agente de viscosidade/modificador reológico), EDTA Dissódico (agente quelante) e glicerina (agente umectante) e, como base emulsificante, utilizou-se o Nikkomulese 41® (Nikkol, Japão). Além disso, utilizou-se o Naticide® (Sinerga, Itália) como conservante natural e o butilenoglicol como agente umectante.

Ao analisar os dados referentes ao comportamento reológico, os menores valores observados para P2 e PS2 são importantes, uma vez que para fluidos tixotrópicos, quanto menores esses valores menos o comportamento reológico do fluido dependerá do tempo e, com isso, tem-se uma recuperação de viscosidade mais rápida após a aplicação de uma força de cisalhamento (14,28,30). Assim, é de extrema importância observar o comportamento reológico de uma formulação onde avalia-se a capacidade de formação de filme, visto que a formação deste possui grande influência das propriedades de fluidez da preparação (28,30).

Desta forma, a adição da substância ativa resultou na diminuição da tixotropia, indicando uma rápida recuperação da estrutura do filme após a aplicação de uma força, uma vez que o resultado apresentou uma diminuição significativa, mas não extrema, permitindo que houvesse uma recuperação rápida e suficiente da estrutura do filme após a aplicação da força, que pode ser, por exemplo, interessante após a força aplicada durante a administração tópica da formulação (14,30).

A análise do perfil de textura foi utilizada como uma ferramenta importante para avaliar as propriedades mecânicas das formulações, visando prever suas características sensoriais e, também, usada para correlacionar os dados obtidos com aqueles coletados durante a avaliação realizada pelos voluntários, uma vez que o sensorial é um quesito que influencia diretamente na aceitabilidade de preparações cosméticas (16,31,32). Assim, como não houveram diferenças significativas nos valores do trabalho de cisalhamento e no índice de fluxo das formulações contendo as substâncias ativas em relação às demais, podendo ser um indicativo de que a adição dos extratos não comprometeu a espalhabilidade da formulação, visto que ambos parâmetros estão intimamente relacionados com esta característica (16,32).

Em relação a coesividade, parâmetro que refere-se à capacidade da formação de uma malha polimérica em decorrência da união das partículas da formulação, podemos relacioná-la à pegajosidade da preparação (21). Desta forma, tem-se que, quanto mais coeso a formulação, maior será sua pegajosidade (21). Logo, ao analisar estes resultados, observa-se que a adição da substância ativa fez com que a coesividade sofresse uma diminuição significativa em relação aos seus respectivos veículos (P1 e PS1). Tais resultados reforçam o que foi percebido na análise sensorial para P2, mas não para PS2, que foi considerada pegajosa após 5 minutos de aplicação.

A análise sensorial foi realizada com painel não treinado, sendo esta escolha importante uma vez que mimetiza a opinião do consumidor e pode avaliar a percepção dos voluntários frente às características sensoriais das formulações após a aplicação (33). A etapa foi imprescindível para o estudo, visto que os consumidores tendem a não aderir ao uso de preparações cosméticas que não apresentem sensorial agradável, ainda que contenham apelos considerados atrativos em relação a formulação (32). Nos resultados observados logo após a aplicação, as formulações apresentaram resultados semelhantes para os parâmetros de espalhabilidade e sensação de suavidade, apresentando um resultado ligeiramente melhor para P2 em relação à avaliação acerca do toque aveludado/acetinado.

Contudo, para a avaliação feita 5 minutos após a aplicação, através dos resultados coletados, é possível observar que houve uma diferença significativa na percepção dos voluntários em relação às formulações. Na percepção dos voluntários, P1 e P2 foram consideradas mais hidratantes e apresentaram resultados melhores em relação à pegajosidade percebida. Assim, refletindo os resultados, houve uma preferência de 87,5% dos participantes pelas formulações contendo a alternativa natural ao uso de silicones sintéticos, sendo que destes, 43,75% escolheram a formulação P2.

A avaliação das propriedades sensoriais referente à sensação de hidratação promovida pelas quatro formulações corrobora com os resultados observados no estudo clínico imediato, onde todas as preparações demonstraram um aumento no conteúdo aquoso do estrato córneo duas horas após a aplicação, o que pode demonstrar que todas elas cumpriram o papel de hidratação, independente da presença dos extratos (4,5,34). Como a análise sensorial realizada foi de caráter qualitativo, possivelmente a hidratação percebida deve-se a presença de matérias-primas com capacidade de hidratação e umectação nos veículos, como é o caso da glicerina e do butilenoglicol (5).

Para a avaliação da descamação da pele (Sesc), quanto menores os valores em relação ao resultados basais maior é a hidratação conferida à pele (4). Assim, observa-se que houve uma diminuição significativa dos valores de P2 e PS2, demonstrando que a presença da substância ativa resultou em formulações com a capacidade de conferir hidratação, melhorando a descamação (4). Neste caso, possivelmente com a adição da substância ativa os efeitos desejados em relação a formação do filme são consequência da composição da emulsão, uma vez que esta aparenta interferir diretamente na estrutura polimérica do carbômero presente na formulação (4).

Em relação a perda transepidérmica de água, as formulações contendo a substância ativa apresentaram diminuição significativa nos resultados, se comparado aos valores basais. Estes resultados mostram a capacidade do biopolímero em formar um filme eficiente, visto que a película formada diminui a evaporação de água superficial da pele, reduzindo a descamação, protegendo contra agressores externos e auxiliando na proteção da função barreira da pele (4,34).

Os extratos em estudo são polímeros obtidos comercialmente através da hidrólise controlada de açúcares (sem a utilização de catalisadores ou aditivos químicos), o que permite a seleção de polissacarídeos com estruturas bem definidas. Neste processo, as galactomananas são derivadas da Caesalpinia spinosa, enquanto que as galactanas sulfatadas são provenientes da alga vermelha, Kappaphycus alvarezii. Com isso, ocorre a interpolimerização destes açúcares, o que irá determinar a resistência da película formada. Desta forma, a obtenção da substância ativa apresenta a tecnologia de formar uma rede de polímeros naturais interpenetrados, resultando em uma malha densa e coesa com fortes propriedades biomecânicas, tal como descrito no relatório técnico da SILAB (França) (4). Assim, a presença dos extratos em estudo na formulação, em função da formação de um filme eficiente devido à estrutura polimérica, ajudou a manter a integridade cutânea, uma vez que foi eficaz na redução da descamação, e na melhora dos parâmetros relacionados à hidratação e integridade da barreira da pele (4,34).

Conclusão

A formulação acrescida do extrato da alga vermelha (Kappaphycus alvarezii) e da Tara (Caesalpinia spinosa) apresentou redução no parâmetro reológico tixotropia, o que está diretamente relacionado com a rápida recuperação da viscosidade após o cisalhamento, característica relacionada com as propriedades filmógenas. Além disso, a análise das propriedades sensoriais mostrou que não há diferenças entre os silicones sintéticos e o hemiesqualano, o que possibilita o uso desse último como uma alternativa mais sustentável para conferir propriedades sensoriais adequadas às formulações cosméticas.

Dessa forma, a adição do extrato em estudo à formulação promoveu o aumento da hidratação e diminuição da descamação da pele e da perda transepidérmica de água após duas horas da aplicação. Por fim, o extrato de Tara e da alga vermelha apresentou propriedades que correspondem à formação de filme, o que agregou benefícios à formulação como a melhora da função barreira da pele, podendo promover um efeito protetor contra danos externos à pele.

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer ao grupo de estudos NEATEC (Núcleo de Estudos Avançados em Tecnologia de Cosméticos), à FCFRP (Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto) e aos participantes do estudo clínico.

Contribuição dos autores

BP foi responsável pela parte experimental, coleta e análise dos dados, além da redação do artigo; LK foi responsável pela parte experimental, coleta e avaliação dos resultados, além de revisão da redação; PMC coordenou o estudo, incluindo o desenho conceptual, supervisionou e foi responsável pela revisão final do artigo.

Conflito de interesses

A Editora presente na autoria deste manuscrito não participou nos processos de pessoais revisão e/ou decisão.

As autoras declararam não existir relações financeiras e/ou pessoais que possam representar qualquer conflito de interesse em potencial.

 

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