Ciências Biofarmacêuticas, Biomed Biopharm Res., 2022; 19(1):114-132
doi: 10.19277/bbr.19.1.277; versão pdf aqui [+] ; versão inglês html [EN]
Notificação de suspeitas de reações adversas às vacinas COVID-19 em Portugal: efeitos indesejáveis por tipo de vacina, género e idade até julho de 2021
Carla Pires
CBIOS – Universidade Lusófona’s Research Center for Biosciences & Health Technologies, Campo Grande 376, 1749-024 Lisboa, Portugal.
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Resumo
As reações adversas a medicamentos (RAM) das vacinas COVID-2019 devem ser estreitamente monitorizadas. Objetivo do estudo: descrever e discutir as RAM mais frequentes das vacinas da COVID-2019 e a sua prevalência por faixa etária, género e tipo de vacina em Portugal até 22 julho 2021. Métodos: As notificações de RAM das vacinas COVID-19 foram identificadas a partir de um relatório público do INFARMED, IP (agência Portuguesa do Medicamento). Resultados: 11.314 RAM notificadas por 11.002.983 vacinas COVID-19 administradas em Portugal: 1 RAM por 1.000 vacinas administradas e 0,4 RAM graves por 1.000 vacinas administradas. As RAM mais comumente notificadas: mialgia, cefaleia, pirexia, dor no local da injeção e fadiga. Ocorreram mais RAM em mulheres e em indivíduos mais jovens. Verificou-se uma percentagem ligeiramente superior de notificações de RAM com Vaxzervria. Conclusão: as RAM foram predominantemente de reações não graves. As vacinas COVID-19 mantiveram um perfil de segurança favorável em Portugal, embora o tipo e prevalência de RAM possa variar entre os diferentes tipos de vacinas da COVID-19. Pode ser necessário motivar os homens a notificarem RAM.
Palavras-chave: COVID-19; reações adversas a medicamentos; vacinação; vacinas COVID-19; farmacovigilância
Recebido: 08/02/2022; Aceite: 20/03/2022
Introdução
O vírus da síndrome respiratória aguda grave – coronavírus 2 (SARS-CoV-2) é um vírus respiratório contagioso. O SARS-CoV-2 é o agente causador da doença de coronavírus 2019 (COVID-19). A COVID-19 foi reportada pela primeira vez em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, associada a um conjunto de casos de pneumonia viral, que foram comunicados à Organização Mundial da Saúde (OMS) em 31 de dezembro de 2019. O SARS-CoV-2 espalhou-se rapidamente a nível global, com a OMS a declarar a pandemia em 11 de março de 2020 (1).
A comunidade científica fez um esforço sem precedentes para desenvolver as vacinas da COVID-19, tendo em vista a possibilidade de construir uma proteção de grupo, reduzir a propagação do vírus e mitigar formas graves de COVID-19 (2). De modo impressionante, novas vacinas da COVID-19 foram anunciadas publicamente no final do último trimestre de 2020, por exemplo:
- 9 de novembro de 2020, a Pfizer-BioNTech anunciou por meio de um comunicado à imprensa que a eficácia da vacina BNT162b2 era superior a 90%;
- 16 de novembro de 2020, a Moderna por meio de um comunicado à imprensa divulgou uma eficácia de 94% da sua vacina mRNA-1273;
- 8 de dezembro de 2020, a AstraZeneca/Universidade de Oxford comunicou os resultados provisórios relativos ao vetor viral ChAdOx1, com uma eficácia de 70% após duas tomas; e em
- 29 de janeiro de 2021, a vacina COVID-19 de toma única da Johnson & Johnson (Janssen) evidenciou 66% de eficácia (1)
Na União Europeia (UE), em julho de 2021 existiam quatro vacinas da COVID-19 autorizadas com autorização de introdução no mercado (AIM) condicional concedida pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA): duas vacinas baseadas em mRNA – Comirnaty, BNT162b2 (Pfizer-BioNTech) (data de AIM válida na UE 21/12/2020; Nome comum internacional (DCI): vacina de mRNA COVID-19 (modificada por nucleosídeo); tozinameran) e Spikevax, mRNA-1273 (Moderna) (data de AIM válida na UE 01/06/2021; DCI: COVID -19 vacina de mRNA (modificada por nucleosídeo) e duas vacinas baseadas em vetor viral: Vaxzevria, AZD1222 (AstraZeneca) (data de AIM válida na UE 29/01/2021; INN: vacina COVID-19 (ChAdOx1-S [recombinante]) e a vacina COVID-19 Janssen, Ad26.COV2.S (Janssen-Cilag) (data de AIM válida na UE 11/03/2021; INN: vacina COVID-19 (Ad26.COV2-S (recombinante])) (3, 4). De modo relevante, verificou-se uma redução de 7,6% na taxa de letalidade, intervalo de confiança de 95% (IC) = -12,6% a -2,7% (p = 0,002), decorrente de um aumento de 10% na cobertura vacinal (dados de 90 países ao longo de 25 semanas: novembro de 2020 a abril de 2021) (5).
O fornecimento e o nível de cobertura vacinal são essenciais para controlar a pandemia a nível mundial, o que se estima que ocorra em 2023. A OMS em colaboração com diversos países tem levado a cabo diversos esforços para garantir um acesso equitativo às vacinas da COVID-19, embora até julho de 2021 mais de 80% das doses tivessem sido administradas em países de renda alta e média-alta (6). A avaliação de cenários pandémicos futuros deve ter em conta as lições retiradas da atual pandemia, nomeadamente deve ser considerado como proteger os grupos de maior risco, salvar a maioria das vidas e/ou garantir benefícios sociais, especialmente porque o desenvolvimento de vacinas para um novo vírus pode vir a levar mais tempo (7).
O SARS-CoV-2 irá provavelmente tornar-se um vírus endémico. Em particular, a produção, distribuição, fornecimento e administração de vacinas da COVID-19, incluindo a atualização dessas vacinas contra possíveis novas variantes continua a ser uma questão pertinente. Os governos e as autoridades de saúde são responsáveis por uma gestão ética e equitativa dos stocks de vacinas da COVID-19 (7-9). É possível que “a necessidade programas de vacinação em larga escala seja transitória até o SARS-CoV-2 alcançar uma fase endémica” (9).
Possível impacto da idade e do género nos perfis de RAM das vacinas COVID-19
Em geral, as reações adversas à vacina Comirnaty (Pfizer-BioNTech), à vacina AstraZeneca COVID-19 e à vacina Spikevax (Moderna) COVID-19 foram menos graves e notificadas com menos frequência em adultos com 65 ou mais anos comparativamente aos mais jovens (10). Ainda que, num outro estudo, RAM graves, como morte, incapacidade permanente e hospitalização, foram mais frequentes em idosos (11).Por exemplo, uma maior ocorrência (estatisticamente significativa) de reações adversas nos mais jovens (grupo ≤45 anos) também se verificou num estudo com a participação de n = 409 profissionais de saúde (vacinas: AstraZeneca Vaxzevria (AZ), Pfizer-BioNTech (PB) e SinoPharm (SP)* (12).
*A SinoPharm (SP) não está autorizada para uso na União Europeia.
As mulheres tendem a ser mais propensas a manifestar reações adversas decorrentes da vacinação comparativamente aos homens, porque a resposta em imunitária, por exemplo em termos de aumento de anticorpos é geralmente superior no género feminino (13-14). Num estudo efetuado por questionário (profissionais de saúde Alemães, fevereiro-março de 2021; n = 599), os efeitos indesejáveis locais e sistémicos não foram estatisticamente significativas entre mulheres e homens no caso das vacinas baseadas em mRNA (vacina Pfizer-BioNTech (BNT162b2) e a vacina Spikevax (Moderna) (vacina mRNA-1273), mas foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre mulheres e homens relativamente aos efeitos indesejáveis locais e sistémicos no caso da vacina baseada em vetor viral (vacina da AstraZeneca), com uma proporção superior de efeitos indesejáveis nas mulheres (15). Opostamente, o género não foi identificado como um fator de risco significativo de efeitos indesejáveis com a vacina AstraZeneca COVID-19 entre profissionais de saúde (U = 680; p = 0,539) (fevereiro-março de 2021) (16). A idade e o género também não se relacionaram significativamente com a duração e a gravidade dos efeitos indesejáveis num estudo com 1.736 indivíduos que receberam uma primeira ou segunda dose da vacina Pfizer-BioNTech, AstraZeneca ou AstraZeneca-Oxford e Sinopharm, pelo menos 30 dias antes da distribuição do questionário (17).
RAM por tipo de vacina COVID-19
As vacinas mRNA apresentam um perfil seguro e um número limitado de efeitos secundários. Os efeitos secundários comuns incluem calor, dor, inchaço e eritema no local da injecção, febre e arrepios, fadiga, cefaleia (dores de cabeça), diminuição do apetite, mialgia (dor muscular), artralgia (dor nas articulações). As reacções adversas graves incluíram anafilaxia/anapiláctica e paralisia de Bell (18-20). Entre as RAM locais e sistémicas da vacina AstraZeneca COVID-19 estão: dor, vermelhidão ou inchaço no local da injeção, fadiga, cefaleia, náusea, mal-estar, mialgia, artragia, febre, calafrios ou linfadenopatia. Além disso, também foram notificados efeitos indesejáveis orais ou dermatológicos, como úlceras/bolhas/vesículas, placa branca/vermelha, halitose, sangramento gengival, lábios inchados, alterações no paladar ou erupções cutâneas (16). De modo semelhante a outras vacinas, uma única dose da vacina da COVID-19 Ad26.COV2.S também levou a reações locais (p.ex., dor, eritema ou inchaço) e/ou reações sistémicas (p.ex., cefaleia, fadiga, mialgia, náusea ou febre) (21).
Além disso, as diferentes vacinas da COVID-19 pode diferir em termos de frequência e/ou tipo de RAM. Por exemplo, a incidência de efeitos indesejáveis foi maior após uma dose de AZD1222 (Vaxzevria, AstraZeneca) comparativamente a um grupo com a primeira e a segunda dose da vacina BNT162b2, Comirnaty (Pfizer-BioNTech) (80 e 1.440 profissionais de saúde que receberam duas doses de BNT162b2 e uma dose da vacina AZD1222, respetivamente) (22). Uma revisão recente apontou que as “taxas combinadas de reações locais e sistémicas foram significativamente menores entre vacinas inativadas (23,7%, 21,0%), vacinas com subunidades proteicas (33,0%, 22,3%) e vacinas de DNA (39,5%, 29,3%), em comparação com vacinas de RNA (89,4%, 83,3%), vacinas de vetor não replicante (55,9%, 66,3%) e vacinas de partículas semelhantes a vírus (100,0%, 78,9%).” A frequência de reações adversas graves foi baixa para todas as vacinas estudadas (<0,1%) (23).
Assim, o objetivo do presente estudo é descrever e discutir os dados de segurança das vacinas da COVID-19 em Portugal (ocorrências cumulativas até 22 julho 2021), incluindo as RAM mais notificadas e o seu perfil por tipo de vacina, género e idade.
Material e Métodos
Definição de reação adversa
Sinónimos de reações adversas no presente trabalho: reação adversa a medicamentos (RAM) ou reação adversa. Uma RAM é uma “resposta a um medicamento que é nociva e não intencional [DIR 2001/83/EC Art 1(11)]” (24, 25).
Note-se, que uma reação adversa após uma imunização é definida como “qualquer reação clínica desfavorável que se segue à imunização e que não tem necessariamente uma relação causal com o uso da vacina. A reação adversa pode ser qualquer sinal desfavorável ou não intencional, achado laboratorial anormal, sintoma ou doença” (26).
Fontes de dados
Os dados foram recolhidos a partir de duas publicações recentes do INFARMED, I.P. (a agência Portuguesa do Medicamento), que correspondem aos dados do mesmo relatório, sobre a segurança das vacinas COVID-19 em Portugal até 22 julho 2021. Estas publicações baseiam-se em dados públicos de todas as RAM notificadas, que são potencialmente relacionadas com as vacinas da COVID-19 até 22 julho 2021 em Portugal (27-28).
Auto-notificação de RAM
As notificações de suspeita de RAM per se não comprovam qualquer potencial relação entre o medicamento/vacina e o(s) efeito(s) indesejável (indesejáveis) observado(s). O nexo de causalidade entre uma RAM e a toma de determinado medicamento é estabelecida através de técnicas qualitativas e quantitativas por especialistas de diversas áreas. Estas técnicas permitem determinar se a RAM foi consequência da toma de determinado medicamento ou se foi apenas uma mera coincidência, que nada tem a ver com a toma do medicamento (27-28, 30-31). Todas as suspeitas de RAM podem ser notificadas online por profissionais de saúde ou doentes/cidadãos em Portugal (https://www.infarmed.pt/web/infarmed/submissaoram). Apenas quatro elementos são necessários para produzir um relatório de segurança de caso Individual (RSCI) válido: a(s) suspeita(s) de RAM; o(s) nome(s) do(s) medicamento(s) provavelmente relacionado(s); dados do doente (como iniciais ou idade ou género); e o meio de contato do notificador. Após receção, as informações são avaliadas/validadas por uma equipa de especialistas (farmacêuticos e médicos). Por último, de um modo totalmente anónimo, a informação é enviada para as bases de dados de RAM: europeia (Eudravigilance) e da OMS (Vigibase) para avaliação compreensiva e continua do perfil de segurança dos produtos medicinais (29). De acordo com o relatório do INFARMED, I.P., é possível que alguns indivíduos tenham optado por não notificar a suspeita de RAM devido à sua falta de gravidade e/ou por a RAM já ser conhecida (27-28).
As RAM graves foram organizadas de acordo com a classificação da OMS como a seguir se apresenta: incapacidade persistente ou significativa; hospitalização; anomalia congénita; risco de vida, morte ou outras clinicamente relevante. É de salientar, que quem notifica (profissional de saúde e/ou cidadão/doente) descreve a RAM, e se pelo menos uma RAM for grave, o caso também é classificado como grave (26-28).
Vacinas COVID-19
As vacinas da COVID-19 administradas em Portugal até Julho de 2021: Comirnaty, (BNT162b2, Pfizer-BioNTech) e Spikevax, (mRNA-1273, Moderna) (duas vacinas baseadas em mRNA), Vaxzevria (AZD122 , AstraZeneca) e vacina COVID-19 Janssen, (Ad26.COV2.S, Janssen-Cilag) (duas vacinas baseadas em vetor viral). Estas vacinas também são utilizadas nos restantes países da UE (3, 4).
Resultados
Até 22 julho 2021, o número cumulativo de vacinas administradas em Portugal foi de 11.002.983. De acordo com os resultados do último censo nacional (2021), existem 9.860.175 habitantes em Portugal (4.684.642 homens e 5.175.533 mulheres) (32).
RAM notificadas
O número acumulado de RAM notificadas foi de 11.314 (100%) até 22 julho 2021 (36% graves e 64% não graves), com uma 1 RAM ou 0,4 RAM graves por cada 1.000 vacinas administradas em Portugal (27- 28). Das 11.314 (100%) RAM notificadas, as 15 RAM mais notificadas podem ser consultadas na Tabela 1. As três RAM mais frequentes foram mialgia, cefaleia e pirexia, com percentagens semelhantes (Tabela 1).
Vacinas administradas e RAM por tipo de vacina
Das 11.002.983 (100%) vacinas administradas em Portugal: 67,4% (n = 7.412.497) Comirnaty (Pfizer-BioNTech), 18,2% (n = 2.003.932) Vaxzevria (AstraZeneca), 10,4% (n = 1.141.821) Spikevax (Moderna) e 4,0% (n = 444.733) a vacina COVID-19 Janssen (Janssen-Cilag) (Figura 1) (27-28). O número de RAM notificadas por tipo de vacina até 22 julho 2021 foi o seguinte: Comirnaty (Pfizer-BioNTech) (n = 6.485), Spikevax (Moderna) (n = 970), Vaxzevria (AstraZeneca) (n = 3.480) e a vacina COVID-19 Janssen (Janssen-Cilag) (n = 379), com o número mais alto de RAM notificadas por 1.000 vacinas administradas para a Vaxzevria (AstraZeneca) (1,7), seguido da Comirnaty (Pfizer-BioNTech) e da vacina COVID-19 Janssen (Janssen-Cilag), com valores iguais (0,9) e com o menor valor a Spikevax (Moderna) (0,8) (28).
RAM por género
A notificação de suspeita de RAM foi mais prevalente em mulheres (n = 7.800, 68,9%) comparativamente aos homens (n = 2.615, 23,1%). Em 7,9% dos casos (n = 899) o género foi classificado como desconhecido (27-28).
RAM por faixa etária e por pelo menos uma dose da vacina COVID-19
A distribuição de RAM notificadas por faixa etária encontra-se na Tabela 2. A distribuição de RAM notificadas (graves vs. não graves e total) por faixa etária (até 22 julho 2021) e pelo menos uma dose da vacina COVID-2019 (até 25 julho 2021)1 está disponível na Tabela 3 (27-28).
1DGS – Direcção Geral de Saúde. Portuguese Relatório de vacinação. Semana 29 (27/12/2020 até 25/07/2021). Disponível online: https://static-storage.dnoticias.pt/www-assets.dnoticias.pt/documents/Relatorio_Vacinacao_Week29.pdf
A percentagem de RAM (graves, não graves e total) notificadas por sujeitos com pelo menos uma dose da vacina COVID-19 diminuiu por faixa etária (i.e., % de RAM por grupo etário: 0-49 > 50-79 ≥ 80). A maior % de RAM foi identificada no grupo de 0-49 anos, seguida dos grupos de 50-79 anos e ≥80 anos, respetivamente (Tabela 3). Deve-se considerar que as RAM foram notificadas até 22 julho 2021, mas o número de vacinados com pelo menos uma dose foi identificado em 25 de julho de 2021 (Tabela 3).
Discussão
RAM mais notificadas
Entre as RAM das vacinas da COVID-19 mais frequentemente notificadas estão: dor, inchaço, febre, fadiga, calafrios, mialgia, artralgia, cefaleia, prurido e vermelhidão (33-35). Além destas, também foram notificadas outras RAM locais e/ou sistémicas, nomeadamente vómitos, náuseas ou tonturas (34-35). Assim, as RAM mais notificadas no presente estudo parecem ser congruentes com as descritas na literatura, o que contribui para corroborar a validade dos dados.
De acordo com o INFARMED, I.P., as RAM mais notificadas estão dentro do perfil de RAM reatogénicas de qualquer vacina. Essas RAM foram identificadas durante os ensaios clínicos das vacinas da COVID-19 e estão incluídas nos resumos de características dos medicamentos (RCM) e nos folhetos informativos (FI). Aproximadamente 15,3 milhões de doses da vacina da COVID-19 foram administradas na Austrália até 15 agosto 2021: os efeitos indesejáveis/RAM mais frequentes incluem reações no local da injeção, cefaleia, mialgia, febre e calafrios, que também se encontram entre os efeitos indesejáveis/RAM mais notificados em Portugal até 22 julho 2021 (33).
Em geral, as RAM resolveram-se em poucas horas/dias, sem necessidade de intervenção médica e sem deixar sequelas (27-28, 33). Além disso, a maioria das RAM (84,9%) regrediram/resolveram-se no prazo de 1 a 3 dias após a vacinação num estudo com 599 profissionais de saúde alemães: vacinas da Comirnaty (Pfizer-BioNTech) e da Spikevax (Moderna) (vacinas baseadas em mRNA; n = 474) e 125 da AstraZeneca (vacina baseada em vetor viral) (36).
RAM notificadas por faixa etária e com pelo menos uma dose da vacina COVID-19
A maior percentagem de RAM verificou-se no grupo dos 0-49 anos, seguido pelos grupos de 50-79 anos e ≥80 anos, para ambos os tipos de RAM notificadas (graves ou não graves) (Tabela 3). As diferenças entre as faixas etárias podem ser explicadas porque os adultos mais jovens são mais propensos a ter RAM do que os idosos, por exemplo, devido a uma resposta imunológica superior ou habilitados/preparados para notificar RAM on-line.
Uma prevalência superior de RAM, em indivíduos mais jovens vacinados com vacinas COVID-19, também consta noutras publicações oficiais (10). Num estudo relativo às vacinas de mRNA autorizadas pela Food and Drug Administration (FDA) nos EUA (n = 8.976 participantes), os adultos mais jovens (18 a 64 anos) apresentaram mais RAM após a vacinação da COVID-19 em comparação com os adultos mais idosos. Ainda que os mais idosos tivessem sido mais propensos a manifestar RAM graves como morte, incapacidade permanente e hospitalização (14 dezembro 2020 a 22 janeiro 2021) (11). Num estudo com 599 profissionais de saúde, também se verificou um aumento significativo do risco de efeitos indesejáveis na faixa etária mais jovem (≤39 anos) com as vacinas de mRNA ou de vetor viral (15).
Género
Verificaram-se mais suspeitas de RAM de vacinas da COVID-19 em mulheres (68,9%) do que em homens (23,1%), o que segue o perfil geral de notificação de RAM para todos os produtos medicinais em Portugal. Esta situação pode ser explicada pelos seguintes factos: as mulheres parecem dar mais atenção aos problemas de saúde do que os homens (27-28) ou as mulheres podem ser mais propensas a desenvolver RAM do que os homens (13-14). Assim, apenas com base nos dados atuais, não se considerou apropriado identificar eventuais diferenças na prevalência de RAM por género relativamente às vacinas da COVID-19. São recomendados estudos clínicos adicionais. Os presentes resultados estão alinhados com os dados da base EudraVigilance (5 setembro 2021): vacina de mRNA COVID-19 Spikevax (Moderna) (CX-024414) (74.306, 69,4% mulheres; 31.782, 29,7% homens; 972, 0,9% não especificado; total 107.060, 100%); Vacina de mRNA COVID-19 Comirnaty (Pfizer-BioNTech; Tozinameran) (290.099, 72,3% mulheres; 105.137, 26,2% homens; 6.264, 1,6% não especificado; total 401.500, 100%); vacina COVID-19 AstraZeneca (ChAdOx1 nCOV-19; vetor viral) (263.671, 71,8% mulheres; 94.407, 25,7% homens; 9.046, 2,5% não especificado; total 367.124, 100%); e a vacina COVID-19 Janssen (Janssen-Cilag) (AD26.COV2.S; vetor viral) (15.415, 59,6% mulheres; 10.107, 39,1% homens; 328, 1,3% não especificado; total 25.850, 100%) (31). Deste modo, os homens podem ter de ser motivados para notificarem com mais frequência RAM das vacinas da COVID-19 na UE, incluindo em Portugal.
A prevalência de certas RAM por vacina da COVID-19 pode ser diferente entre homens e mulheres. Por exemplo, as mulheres podem desenvolver mais RAM do que os homens, porque produzem respostas imunes superiores às dos homens (11, 13, 15). Por oposição, num estudo com as duas vacinas COVID-19 de mRNA que receberam autorização de emergência nos EUA (14 dezembro 2020 a 22 janeiro 2021), os reações adversas graves, morte e hospitalização foram mais propensos em homens comparativamente às mulheres (11). Assim, são recomendados mais estudos sobre este tópico (p. ex.,estudos clínicos), sendo que as diferenças de prevalência das RAM por grupo etário ou género devem ser consideradas/analisados nos ensaios clínicos das vacinas da COVID-19 (37).
Além disso, pode ser disponibilizado um questionário sobre RAM a todos os indivíduos nos dias seguintes à vacinação da COVID-19, ou podem eventualmente ser implementados estudos sociais para compreender melhor as diferenças entre as motivações dos homens e das mulheres no que concerne à notificação de RAM. Os questionários também devem ser fornecidos em suporte de papel, uma vez que alguns cidadãos têm habilidades/capacidades digitais limitadas. Por exemplo, um sistema voluntário de segurança das vacinas da COVID-19 foi desenvolvido pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), tendo por base uma plataforma digital em smartphones para fornecer informações sobre RAM após a vacinação. A plataforma foi eficaz, na medida em que as notificações voluntárias ao v-safe não encontraram padrões inesperados de reações adversas após uma dose adicional da vacina COVID-19 (n=12.591 participantes). (38).
Vacinas administradas e RAM por tipo de vacina
A Comirnaty (Pfizer-BioNTech) foi a vacina mais utilizada em Portugal, representando cerca de 70% de todas as vacinas administradas até 22 julho 2021 (27-28). Uma percentagem semelhante foi alcançada na UE, com a Comirnaty (Pfizer-BioNTech) representando 72% de todas as doses administradas de vacinas COVID-2019 até 28 abril 2021 (39). A semelhança do perfil/proporção de vacinas de Comirnaty (Pfizer-BioNTech) administradas entre Portugal e a UE pode ser justificado pela adoção de políticas de vacinação semelhantes. Entre outros, a estratégia de vacinação da UE visa “garantir a qualidade, segurança e eficácia das vacinas”, “garantir o acesso oportuno às vacinas para os Estados-Membros e suas populações, liderando o esforço global de solidariedade”, “garantir o acesso equitativo e acessível a uma vacina para todos na UE, no mais curto espaço de tempo” e “garantir que as devidas diligências são tomadas nos países da UE em relação à distribuição de vacinas seguras e eficazes, tendo em conta as necessidades de transporte/distribuição e identificação de grupos prioritários”. Além disso, a Comissão Europeia estabeleceu acordos sofisticados de compra de vacinas da COVID-19 através de uma abordagem centralizada na aquisição destas vacinas em nome dos Estados-Membros (40).
Globalmente, Portugal registou apenas 1 RAM por cada 1.000 vacinas administradas das 11.314 RAM notificadas (100%) até 22 julho 2021 (27-28). Na UE, verificou-se 1,2 RAM por cada 1.000 vacinas COVID-2019 administradas em 30 setembro 2021 (41). Portugal e a UE apresentaram perfis semelhantes e baixos de RAM. No entanto, na Austrália a proporção foi comparativamente superior com 3,3 RAM por 1.000 vacinas administradas das 50.597 RAM notificadas (100%) até 15 agosto 2021 (33). Estas diferenças podem dever-se a uma menor notificação de RAM em Portugal/UE comparativamente à Austrália e/ou aos tipos de vacinas COVID-19 administradas em ambos os territórios: Portugal: Comirnaty (Pfizer-BioNTech), Spikevax (Moderna), vacina COVID-19 Janssen (Janssen-Cilag) e Vaxzevria (AstraZeneca) vs. Austrália: Vacinas Comirnaty (Pfizer-BioNTech) e Vaxzevria (AstraZeneca). Como as RAM das vacinas da COVID-19 podem ser subnotificadas às agências do medicamento (42), são recomendadas mais investigações pós-vacinação sobre a eficácia e segurança das vacinas em todos os indivíduos vacinados. Questionários pós-vacinação podem constituir uma ferramenta mais adequada do que as habituais notificações utilizadas pelos sistemas de farmacovigilância para monitorizar a segurança das vacinas da COVID-19. Por exemplo, os sites nacionais dos certificados de vacinação podem ser utilizados para distribuir e administrar esses questionários.
No presente estudo, as vacinas: Comirnaty (Pfizer-BioNTech) e Spikevax (Moderna) (vacinas de mRNA) e vacina COVID-19 Janssen (Janssen-Cilag) (vacina de vetor de adenovírus) apresentaram um número semelhante de RAM notificadas (por 1.000 vacinas administradas), enquanto a Vaxzevria (AstraZeneca) (vacina de vetor de adenovírus) apresentou um número ligeiramente superior de RAM notificadas (por 1.000 vacinas administradas) (27-28, 43). Estes dados são apoiados por outros estudos, com a Vaxzevria (AstraZeneca)/AZD1222 a apresentar mais RAM do que a Comirnaty (Pfizer-BioNTech)/BNT162b2. De 1.520 profissionais de saúde, 80 receberam 2 doses da vacina BNT162b2 e 1.440 receberam uma primeira dose da vacina AZD1222: com 52,5% e 76,2% dos indivíduos com RAM após a primeira e segunda dose de BNT162b2, respetivamente e 90,9% dos indivíduos com RAM após a primeira dose de AZD1222 (p < 0,001) (22).
Além disso, na UE até 28 abril 2021, as vacinas COVID-19 com mais RAM notificadas foram a Vaxzervria (AstraZeneca) (0,67%; 184833 RAM por 27430533 doses), seguida pelas vacinas: da COVID-19 Janssen (Janssen-Cilag) (0,42%; 413 RAM por 98139 doses), da Spikevax (Moderna) (0,18%; 17625 RAM por 9691295 doses) e da Comirnaty (Pfizer-BioNTech) (0,16%; 151306 RAM por 96519666 doses) (27-28, 31, 39). As diferenças entre os perfis português e europeu de RAM notificadas por tipo de vacina podem ser explicadas porque as notificações de RAM em Portugal tiveram por base 11.002.983 (100%) vacinas administradas até 22 julho 2021 e as notificações de RAM na UE tiveram por base133.739.633 (100%) vacinas administradas até 28 abril 2021, sendo que as análises baseadas num número superior de vacinas administradas podem ser mais sensíveis. Outros fatores, como diferenças culturais ou o conhecimento de como notificar RAM também podem contribuir para explicar discrepâncias entre os perfis de notificação de RAM entre diferentes países.
Globalmente, a Vaxzevria (AstraZeneca) parece estar relacionada com um número ligeiramente superior de RAM (27-28, 39). Alguns cidadãos, podem ter tido uma maior predisposição para notificar possíveis RAM relacionadas com as vacinas Vaxzevria (AstraZeneca) ou Jansen devido à ocorrência dos raros eventos trombóticos graves, que foram amplamente comunicadas pelos meios de comunicação social e agências do medicamento (44-46).
Limitações do estudo
No presente estudo não foram avaliados especificamente as causas da hesitação vacinal e/ou os preditores psicossociais da intenção de tomar a vacina da COVID-19. No entanto, em 22 outubro 2021, Portugal era o segundo país a nível mundial com maior taxa de vacinação, o que é demonstrativo de uma limitada hesitação vacinal neste território (47). De acordo com um estudo da Comissão Europeia sobre as atitudes relativamente à vacinação da COVID-19 na UE: Portugal obteve as taxas mais elevadas, nomeadamente com os benefícios da vacina da COVID-19 a superarem os riscos (87%) ou o “dever cívico” de vacinação (86%); a grande maioria dos portugueses (82%) ficou satisfeita com a gestão da estratégia de vacinação por parte do Governo e 89% concorda que a UE desempenhou um papel fundamental na garantia do acesso às vacinas da COVID-19 em Portugal (48). Em conjunto, estes resultados podem explicar a baixa hesitação vacinal em Portugal.
A auto-notificação de RAM, após a vacinação, por cidadãos pode estar relacionada com algumas inconsistências/erros, uma vez que os sintomas/problemas podem ser devido a outras causas que não a vacinação, ou os indivíduos podem estar de tal modo preocupados com a toma da vacina COVID-19, que podem ser induzidos a notificar qualquer sintoma.
Em certa medida os indivíduos mais jovens podem ter notificado mais RAM, devido a uma maior proficiência digital. Cidadãos com baixa literacia em saúde e menores habilidades digitais provavelmente terão mais dificuldades em comunicar RAM online. As notificações de RAM por tipo de vacina podem ter sido potenciadas por algumas notícias sobre as vacinas da COVID-19 nos meios de comunicação social (p.ex., o caso dos eventos trombóticos raros após a vacinação com a vacina da AstraZeneca).
Conclusão
Os benefícios da vacinação COVID-19 superaram em muito os riscos potenciais da vacinação em Portugal (27-28, 33). No geral, a proporção de RAM (graves e não graves) foi limitada (1 RAM por 1.000 vacinas COVID-19 administradas e 0,4 RAM graves por 1.000 vacinas COVID-19 administradas até 22 julho 2021), o que confirma um perfil de segurança favorável das vacinas COVID -19 em Portugal (27-28). No entanto, as RAM podem ter sido subnotificadas em Portugal, pois comparativamente noutros países (p.ex., Austrália) foram notificadas mais RAM (33).
A notificação de suspeita de RAM, relacionou-se principalmente com as reações comuns e consideradas não graves (p.ex., inchaço, febre, fadiga, calafrios, mialgia) e dor no local de administração), o que segue os padrões normais das RAM identificadas em ensaios clínicos, nos folhetos informativos das vacinas e/ou em relatórios sobre a notificação de RAM de vacinas de outros países (33-35). Em geral, as RAM resolveram-se em poucas horas/dias, sem qualquer consequência/hospitalização (27-28, 33, 39).
A maior percentagem de RAM notificadas foi identificada nas faixas etárias mais jovem, o que está de acordo com dados de outros estudos (11-12, 15, 49). São recomendados estudos adicionais (p.ex., estudos clínicos) para verificar eventuais diferenças na incidência, prevalência e tipo de RAM por género ou faixa etária (p.ex., perfil de RAM por grupos etários) (37).
Das quatro vacinas COVID-19 administradas em Portugal: Vaxzervria (AstraZeneca), vacina COVID-19 Janssen (Janssen-Cilag), Spikevax (Moderna) e Comirnaty (Pfizer-BioNTech), à data do estudo, aparentemente a Vaxzervria (AstraZeneca) apresenta uma percentagem de RAM notificadas ligeiramente superior às restantes vacinas. Estes dados são apoiados por outros estudos e informações de bases dados de RAM (22, 31, 39). As RAM foram mais prevalentes em mulheres do que em homens, o que segue a tendência geral de notificação em Portugal e na UE. Isso pode ser porque as mulheres dão mais atenção às questões de saúde do que os homens (27-28, 49). Assim, os homens podem precisar de ser motivados a notificar RAM com mais regularidade.
Implicações práticas e estudos futuros
Apenas a auto-notificação da RAM pode não ser o melhor método para monitorizar RAM de vacinas COVID-19, atendendo à conhecida subnotificação de RAM (p.ex., falta de habilidades digitais, desconhecimento sobre como notificar ou por a RAM não ser grave ou já se encontrar descrita). Por outro lado, os indivíduos podem ser influenciados a notificar mais RAM em determinadas situações (p.ex., possível impacto das notícias da comunicação social no número e tipo de notificações de suspeitas de RAM de vacinas COVID-19). No geral, são necessárias mais investigações para confirmar essas suposições, nomeadamente recorrendo a estudos para avaliar o impacto das diferenças culturais no perfil e prevalência de RAM notificadas ou através da distribuição de questionários sobre a ocorrência de RAM nos dias seguintes à administração das vacinas COVID-19. O design e a implementação de estudos sociais (p.ex., com base em questionários) são recomendados para entender melhor as razões pelas quais certos grupos populacionais (p.ex., mulheres) tendem a notificar mais RAM de vacinas COVID-19 comparativamente a outros grupos (p.ex., homens) ou para minimizar uma eventual subnotificação de suspeitas de RAM.
Além disso, são recomendados mais estudos clínicos para estudar com precisão o perfil de RAM por vacina COVID-19 ou para determinar possíveis ligações entre idade ou género e o perfil de RAM, uma vez que é necessário consultar regularmente um profissional de saúde e realizar análises clínicas durante a participação em ensaios/estudos clínicos. A prevalência de RAM por tipo de vacina deve ser analisada. Por exemplo, vacinas baseadas em mRNA parecem estar associadas a uma maior prevalência de efeitos indesejáveis locais (p.ex., dor no local da injeção), ao passo que vacinas baseadas em vetores virais parecem estar associadas a uma maior prevalência de reações adversas sistémicas (p.ex., cefaleia / fadiga) (15).
Declaração sobre as contribuições do autor
A conceção, análise dos dados, redação (elaboração do rascunho e da versão original) e a revisão do artigo foram realizadas por Carla Pires. A autora leu e concordou com a versão publicada do manuscrito.
Financiamento
Nenhum.
Agradecimentos
A autora expressa os seus agradecimentos a CBIOS - Research Center for Biosciences and Health Technologies, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Portugal.
Conflito de Interesses
A autora declara que não há relações financeiras e/ou pessoais que possam representar um potencial conflito de interesses (ou o que for aplicável).
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